Wednesday, January 19, 2005

Uma notícia para quem quiser

A HOMENAGEM DEVIDA AO PROFESSOR

Jorge Sampaio distingue Silveira Machado

Aproveitamos o devido momento para fazer uma menção honrosa ao nosso redactor Silveira Machado, distinguido por Jorge Sampaio na passada segunda-feira, no encontro efectuado com a comunidade portuguesa na residência do cônsul-geral de Portugal, Pedro Moitinho de Almeida. O «Professor» foi agraciado com a Ordem da Instrução Pública, no Grau de Grande Oficial.

Silveira Machado foi condecorado pelo Presidente da República Portuguesa no fim da tarde de segunda-feira passada. Jorge Sampaio conduziu a cerimónia que acabou por ser realizada um bocado à pressa e com alguns descuidados devido ao frio que se fazia sentir na residência do cônsul-geral português.
Além do «Professor» foram também agraciados outras três personagens que se evidenciaram em Macau.
João Manuel Costa Antunes foi condecorado com o título de Grã-Cruz da Ordem do Mérito. O actual director dos Serviços de Turismo de Macau e presidente da Casa de Portugal é, segundo as palavras de Jorge Sampaio, um «membro destacado da comunidade portuguesa e com grande carreira desenvolvida no sector do turismo». Além disso, foi também reconhecida a acção dos serviços de turismo em prol das pessoas vitimizadas pelos destroços originados com o tsunami.
Joaquim Morais Alves foi condecorado a título póstumo com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito. Para Sampaio, o antigo presidente do Leal Senado de Macau e deputado da Assembleia Legislativa «dedicou-se com total abnegação a servir o Estado e a causa Pública. De todos é conhecido pelo seu longo e exemplar percurso no ensino da língua portuguesa e incansável dedicação na preservação das tradições e identidade de Macau».
Henrique Miguel de Senna Fernandes foi a terceira figura a ser distinguida, com a Comenda da Ordem do Infante. O grande dinamizador do teatro em dialecto macaense, o patuá, é um exemplo da «defesa do legado português e das tradições constituem a singular identidade de Macau».
Por fim, e depois de ser oficialmente confundido com o senhor José Oliveira Machado e de ter visto a sua medalha a ser entregue anteriormente, por engano, a Senna Fernandes, foi a vez do Senhor José Silveira Machado ser agraciado com a Ordem da Instrução Pública no grau de Grande Oficial.

Quem é o «Professor»?

O actual membro do Conselho das Comunidades Macaenses foi descrito por Jorge Sampaio como uma das «mais respeitadas e destacadas personalidades da comunidade portuguesa de Macau, tendo granjeado o reconhecimento e admiração de todos como educador e pedagogo ao longo de uma grande carreira dedicada ao ensino da língua portuguesa e à causa da educação em Macau».
Silveira Machado chegou a Macau há mais de setenta primaveras. Com os seus quinze aninhos, atrancou no seminário para se formar como padre, com mais cinco alunos que foram escolhidos na ilha dos Açores, — terra onde nasceu e cresceu, — por terem alcançado boas prestações a nível escolar.
O sonho do sacerdócio, no entanto, nunca se viria a concretizar, porque Silveira «gostava de meninas», como veio a descobrir o seu superior em uns versos que o já desde novo amante da poesia terá escrito.
Começou então a aventurar-se na Fazenda, — o serviço de Finanças de então, — onde recebia o mísero salário de 17 patacas por mês, após ter terminado o serviço militar. Mais tarde conheceu Pedro José Lobo, que o ajudou a arranjar um trabalho na Economia, e que foi um amigo seu inseparável até à morte, literalmente. Quando o dr. Lobo morreu, deixou como que um vazio na pessoa do Professor.
Em Fevereiro de 1974, Silveira Machado chegava a Portugal com intenções de aí permanecer, quase em cima da revolução de Abril. Depois de todas as revoltas, e de ver desfeitas as suas ilusões de um futuro diferente, decidiu voltar de vez para Macau. Inadaptado ao Ocidente, aceitou um convite para vir leccionar na Escola Comercial, endereçado por Henrique de Senna Fernandes e seu pai.
Entre as obras publicadas, contam-se «Macau — Sentinela do Passado», «Rio da Pérolas» — um livro de poemas, «Macau, Mitos e Lendas», «Duas Instituições Macaenses» e «Macau na Memória do Tempo». Neste momento estão em curso os preparativos para ser lançado para o mercado mais uma obra sua: «O Outro Lado da Vida».
O «Professor», como é carinhosamente conhecido entre os mais próximos, já se distinguiu em Macau em áreas tão diversas como o Desporto (nomeadamente no Futebol e no Hóquei e, também, na Educação Física), Economia, Cinema, Turismo, Jornalismo, Ensino (leccionou no Colégio Dom Bosco, na Escola Comercial e no Centro de Formação dos Serviços de Educação) e Cultura.
O seu currículo é extenso demais para estar agora a ser publicado, mas ficam aqui as indicações de palestras e conferências que já proferiu: «Panorama Económico dos Descobrimentos», «Ética Jornalística» e «Macau na História das Relações Comerciais com a China».
Silveira Machado, numa entrevista ao Ponto Final, em Novembro de 2003, altura em que completava setenta primaveras desde que atrancara em Macau pela primeira vez, não conseguiu esconder uma certa tristeza que sentiu ao ver a bandeira de Portugal ser substituída pela da China, como governadora do território de Macau.
E porquê? «Por recear que no futuro não viessem a apreciar devidamente a nossa acção aqui, o património que aqui deixámos, a utilidade da nossa presença para os povos desta região». Palavras sábias de um verdadeiro e notável cidadão de Macau.
É de mencionar também que esta não é a primeira condecoração que recebeu Silveira Machado, já que anteriormente foi galardoado com a Medalha da Ordem de Mérito Civil da Instrução Pública, a Medalha de Mérito Desportivo (Classe de Prata), a Medalha de Mérito Cultural e a Comenda da Ordem de Mérito.

As vítimas

O Presidente da República Portuguesa , no final da cerimónia de segunda-feira, deixou uma palavra às infortunadas vítimas do tsunami: «Devemos a todos os que foram atingidos pelos maremotos uma palavra de homenagem e solidariedade pelas famílias que sofreram, e estão a sofrer, e por isso o meu agradecimento às autoridades de Macau pelo esforço que fizeram e o apoio que deram», disse o Chefe de Estado.
Esta cerimónia de condecorações assinalou o fim da visita a Macau e à China de Jorge Sampaio, que deixou o território por volta das dez horas e meia da noite locais.

1 comment:

José Maria said...

Comentário final do director:
Nota
Realmente, esperava que um trabalho do género e mais ainda tratando-se do «Professor», tivesses feito um trabalho muito mais cuidado e estruturado.
Como está feito e redigido, nem sei como classificá-lo... Tens muito, mas muito a melhorar na redacção de um texto.


Aceitam-se comentários diferentes:)