Wednesday, January 14, 2009

Diário de Bordo

Agosto, num ano qualquer perdido no tempo:

"O nosso barco continua à deriva. Sempre sem querer pousar em porto algum. O sal do Mar dá-nos a vida toda que desejamos. Há dias atrás encontrámos colegas num barco que também passeava por estas águas virgens da corrupção do dia-a-dia repetitivo. O Sol queima-nos a pele e canta canções alegres que outros seres, noutras prisões, apenas imaginam existir. Há quem se lembre ainda de ter estado nelas, mas recordam-se como quem fuma um bom charuto, dum tempo já passado e com um sorriso paternalista e compreensivo. Avizinham-se tempestades num rumo incerto e desejado. A beleza, essa continua espalhada pelo navio inteiro. A princesa que o habita acorda todos os dias salpicando magias de noites incontornáveis. Noites em que a luz da lâmpada fica nítida na sua ignorância de tanta cor que inventa a par da lua. As estrelas, essas, são as únicas testemunhas de todo o Amor que percorre o mundo, atravessado pelo Oceano e anunciado por golfinhos, que durante a noite inteira não deixam de cantar outras músicas que nunca hão-de ser compreendidas, apenas entendidas no seu rumo categórico. Deixo mais uma memória neste papel, com a certeza de que anos depois dará à luz as réplicas do Amor que partimos em mil pedaços num diamante. O futuro continua a espreitar."

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